Lição 02 Revista CPAD 4 trimestre 1993

Lição 02 – Consequências da inimizade entre Esaú e Jacó

Revista CPAD Jovens e Adultos 4 trimestre 1993

Título da revista: Família – Alicerce da Sociedade
Comentarista: José Apolônio
Data: 10 de outubro de 1993

Texto Áureo 📖

“Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.”
(Sl 133.1)

Verdade Prática 👍

Deus deseja que seus filhos vivam em perfeita união espiritual, a fim de que produzam o fruto do Espírito santo e em tudo glorifiquem o seu nome.

Leitura Bíblica 📘

Gênesis 27:37-45
37 Isaque respondeu a Esaú: “Eu o constituí senhor sobre você, e a todos os seus parentes tornei servos dele; a ele supri de cereal e de vinho. Que é que eu poderia fazer por você, meu filho?”
38 Esaú pediu ao pai: “Meu pai, o senhor tem apenas uma bênção? Abençoe-me também, meu pai!” Então chorou Esaú em alta voz.
39 Seu pai Isaque respondeu-lhe: “Sua habitação será longe das terras férteis, distante do orvalho
que desce do alto céu.
Você viverá por sua espada e servirá a seu irmão. Mas quando você não suportar mais, arrancará do pescoço o jugo”.
41 Esaú guardou rancor contra Jacó por causa da bênção que seu pai lhe dera. E disse a si mesmo: “Os dias de luto pela morte de meu pai estão próximos; então matarei meu irmão Jacó”.
42 Quando contaram a Rebeca o que seu filho Esaú dissera, ela mandou chamar Jacó, seu filho mais novo, e lhe disse: “Esaú está se consolando com a idéia de matá-lo.
43 Ouça, pois, o que lhe digo, meu filho: Fuja imediatamente para a casa de meu irmão Labão, em Harã.
44 Fique com ele algum tempo, até que passe o furor de seu irmão.
45 Quando seu irmão não estiver mais irado contra você e esquecer o que você lhe fez, mandarei buscá-lo. Por que perderia eu vocês dois num só dia?”

Introdução 📣

Nesta lição, estudaremos as consequências da inimizade entre dois irmãos, Esaú e Jacó, filhos de Isaque (Gn 25:22-25). Ambos foram criados sob a orientação de um grande patriarca, e receberam instrução divina, pois o pai deles era homem de oração (Gn 25:20,21). Entretanto, por causa da mentira, tornaram-se inimigos, a ponto de não poderem viver juntos. Se não fossem as leis permissivas de Deus, teríamos, hoje, uma história diferente para contar. A inimizade desses dois irmãos deve servir de lição para todos nós que constituímos a Igreja do Senhor aqui na terra, para não seguimos os seus exemplos negativos e não perdemos a nossa primogenitura, como Esaú, nem sermos castigados como Jacó, que pagou um preço alto por causa de sua fraude (Gn 27:35).

I. INIMIZADE ENTRE IRMÃOS CAUSA PREJUÍZO

1.1. Nascidos sob as bênçãos de Deus (Gn 25:21,23)

Sendo Rebeca Estéril, Isaque orou a Deus em favor dela e o Senhor ouviu sua oração, e ela concebeu e teve dois filhos: Esaú e Jacó (Gn 25:24). Eram gêmeos, com a diferença de que o segundo nasceu agarrado aos pés do primeiro (Gn 25:26). Por causa disso, o mais novo recebeu o nome de Jacó, que significa “suplantador”. A Bíblia cita três casos de pessoas que nasceram gêmeas:

  1. Jacó e Esaú (Gn 25:24-28);
  2. Perez e Zerá (Gn 38:27-30);
  3. Dídimo (Tomé), que significa gêmeos (Jo 11:16; 20:24; 21:2). A Bíblia não revela o nome de seu irmão gêmeo.

Esaú e Jacó representam duas naturezas. Cada uma tem suas características peculiares. O conveniente é não sermos dominados por nenhuma delas, a exemplo de Esaú, vencido pelo apetite carnal. Enquanto Jacó conseguiu vencer suas inclinações com a ajuda de Deus, conforme constatamos, em Betel, em Padã-Arã e no ribeiro de Jaboque (Gn 32:22-30). Com Esaú aconteceu o contrário, sendo ele herdeiro das bênçãos de Deus pela primogenitura e pela sucessão patriarcal, perdeu tudo, por causa de um prato de comida, tornando-se “fornicário e profano” (Hb 12:16,17). “Jacó não era um anjo, mas, comparado com Esaú, estava imensamente mais capacitado párea ser o pai da nação messiânica de Deus” (Halley). “Apesar de suas falhas, Jacó deu valor à bênção divina envolvida na aliança. Ele parecia entusiasmado com a presença divina acerca de uma nação por meio da qual seria abençoado o mundo… ele precisou experimentar as consequências do seu pecado, conforme sucede a todos os homens. Deus o testou e o castigou, produzindo em sua vida a grandeza. Deus o tratava como um filho (Hb 12:5-8)”. (Tendas e Palácio – ICI).

1.2. Rivalidade antes do nascimento (Gn 25:22,23)

Antes de eles nascerem, já lutavam no ventre de Rebeca, ao ponto de ela perguntar ao Senhor porque isso acontecia. Deus lhe disse: “Duas nações há em teu ventre, dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro e o maior servirá ao menor” (Gn 25:22,23). Estas palavras, Deus falou particularmente a Rebeca. Não obstante, ela não conseguiu evitar a rivalidade entre seus filhos, colaborando para que isso acontecesse. Rivalidade no ventre, no viver diário, em suas profissões, e até no modo de servir a Deus. Como é triste e lamentável ouvir a Palavra de Deus e não obedecer, especialmente em se tratando de suas promessas “que são fiéis e verdadeiras”!

1.3. Diferença nas atividades (Gn 25:27)

Esaú gostava do campo, era caçador; e Jacó, homem simples. Ainda não vi um caçador, crente ou não, que não seja precipitado, exagerado contador de anedotas. O primeiro exemplo que a Bíblia cita Ninrode (Gn 10:8,9) era poderoso, isto é, tornou-se famoso como caçador. É melhor tornar-se conhecido como pregador do Evangelho, ganhador de almas, ensinador.

Vejamos a diferença entre os dois irmãos, Esaú e Jacó. O primeiro tornou-se “profano e fornicário”, não por ser caçador ou homem do campo, mas por ter vendido o seu direito de primogenitura (Hb 12:16). O segundo é o pai das doze tribos de Israel, e de sua descendência nasceu o Senhor Jesus Cristo. Esaú é o tipo do crente destituído da fé, homem natural (1 Co 2:14), que não valoriza as bênçãos de Deus.

Muitos crentes foram abençoados ricamente, a partir de sua conversão, e batizados em águas e no Espírito santo. Ocuparam cargos de confiança na igreja, tiveram o crédito de seus pastores; entretanto, tornaram-se profanos, hoje, estão pagando um preço alto, sem condições de voltar ou reconciliar-se como Esaú, que não encontrou mais lugar para receber a bênção (Hb 12:17).

1.4. Cuidado com a profanação:

Esaú não valorizou as bênçãos que recebera de Deus; antes profanou-as. Tenhamos cuidado para não profanarmos o nome do Senhor, procedendo irreverentemente em sua casa, desrespeitando as coisas sagradas (1 Co 11:20,21). Profanar é violar a santidade de Deus, ou algo que lhe é consagrado (Dt 22.20,30; 1 Co 5:1). Ananias e safira caíram mortos por profanarem a Igreja, através da mentira (At 5:1-5,9). O pecado “é uma miséria no mundo que tem reação de loucura no homem e o leva ao abismo sem conhecer a vontade de Deus”.

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II. DEUS NÃO NEGA AOS HOMENS SUAS BÊNÇÃOS

2.1. Virtudes de Jacó (Gn 25:27)

Jacó habitava em tendas, as quais falam da fé, das promessas de Deus (Hb 11:9). Por isso, ele conseguiu vencer suas inclinações negativas com a colaboração de Deus e o esforço de sua mãe, que o ajudou a receber a primogenitura, ao alcançar a bênção de Isaque, como orvalho do céu (Gn 27.28a); gordura da terra (Gn 27:28b); abundância de trigo (Gn 27.28c); abundância de vinho (Gn 27.28d) e povos e nações se encurvariam a ele (Gn 27:29a). Tornar-se-ia senhor de seus irmãos (27.29b), e seriam malditos os que lhe amaldiçoassem (Gn 27:29c). “Da linhagem da promessa, todos os filhos de Abraão foram eliminados, salvo Isaque. Dos filhos deste, foi excluído Esaú, sendo Jacó o único escolhido. Com Jacó cessou o processo de eliminação; todos os descendentes dele seriam incluídos na Nação Eleita” (Manual Bíblico – Halley).

2.2. Bênção de Esaú

Habitaria nas gorduras da terra (Gn 27:39a); nos orvalhos do céu (GN 27:39b); viveria pela espada (Gn 27:40a); serviria a seu irmão (Gn 27:40b). Veja a diferença entre “ter” e “habitar”, na distribuição da bênção entre Esaú e Jacó. Entretanto, o primeiro perdeu a bênção, após vender sua primogenitura. Ele, como primogênito, estava na linha sucessória (Gn 12.3). “Segundo as bênçãos e a avaliação divina, as grandes promessas messiânicas poderiam ter sido realizadas em Esaú, que perdeu este direito por uma passageira gratificação carnal. Sem dúvida, a idéia de Jacó quanto à primogenitura era, nessa ocasião, carnal e inadequada; mas, seu desejo de obter, mostrou uma verdadeira fé” (Scofield).
Precisamos controlar nossos apetites (Gn 25:30). Pois poderemos praticar erros e pecados irreparáveis, como Esaú. Diz o autor da epístola aos Hebreus que “querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou” (Hb 13:17). (Isto é, buscou a bênção e não arrependimento).

2.3. Direito de primogenitura

Porção dobrada (Dt 21:17); minha força, princípio do meu vigor e o mais excelente em poder (Gn 49.3). Tudo isso, em caso de profanação, seria passado a outro, inclusive a primogenitura. Como exemplo, temos o caso de Rúben, o primogênito de Jacó; sua primogenitura foi dada a José (1 Cr 5.1,2).

2.4. Bênção da primogenitura

A primogenitura tinha três fatores importantes:

  1. Até o estabelecimento do sacerdócio aarônico, o cabeça da família exercia direitos sacerdotais;
  2. A família de Abraão tinha a promessa edênica de “esmagar a cabeça da serpente” (Gn 3:15);
  3. Esaú, como primogênito, estava na linha sucessória da bênção (Gn 12:3).

III. AS CAUSAS DA INIMIZADE ENTRE IRMÃOS

3.1. Jacó compra a primogenitura de Esaú e recebe a bênção de Isaque (Gn 27:4)

Isaque estava velho e cego; em vez de convocar os dois filhos, chamou apenas o mais velho, para abençoá-lo. Ele talvez não soubesse do propósito divino (Gn 25:23), que a bênção pertencia a Jacó (Ml 1.2; Rm 9.10-13). Também não sabia que Esaú havia vendido sua primogenitura (Gn 25:34) e fora aborrecido por Deus. Quantos crentes têm perdido suas bênçãos e posições, seus direitos e cargos, ao trocarem sua primogenitura espiritual por um “prato de lentilhas” (Gn 25:31,32)! Tenhamos cuidado, pois o Diabo se aproveita de nossas fraquezas e nossas limitações, até de nossa velhice, para nos derrubar! Se os velhos não forem bem orientados, poderão prejudicar a si mesmos e a seus filhos, como Isaque, que desejou dar a bênção a Esaú, quanto este já havia perdido a primogenitura e a sucessão patriarcal (Gn 25:34; 27:28,29).

3.2. A discriminação de Isaque e Rebeca em relação aos filhos (Gn 27:5-7)

Rebeca ouviu a conversa entre seu marido e o filho mais velho. Isaque amava mais a Esaú do que a Jacó, não por ser o favorito ou o primogênito, ou por sua habilidade na caça, mas por causa do guisado que ele preparava (Gn 27:4). Esta distinção foi a causa da rivalidade e perda de unidade entre os dois irmãos (Ef 6:4).

A simulação de Rebeca (Gn 27:8-10,14). Ela não usou a fé, que é o firme fundamento (Hb 11:1), mas a forma irregular, talvez aquela dos jesuítas: “os fins justificam os meios”, e descobriu o meio de proteger e evitar que seu filho mais novo perdesse a bênção, assumindo sob pena de maldição (Gn 27:13), as consequências. Vejamos: Pecado premeditado – matou um cabrito e fez um guisado igual ao que Esaú preparava para Isaque; cobriu as mãos e o pescoço de Jacó, com a pele de animal, pois ele era sem pelo. Vestiu-o com a roupa de gala de Esaú. A farsa foi bem preparada, pois Isaque não percebeu. Com a diferença de que o guisado estava gostoso, mas a “caça” não era legítima. A pele que usava, em suas mãos e seu pescoço, era legítima, mas não era a dele.

3.3. A mentira de Jacó (Gn 27:19)

Eu sou Esaú”. Além de mentir, blasfemou contra Deus, ao dizer: “O Senhor teu Deus a mandou ao meu encontro” (referindo-se a caça – Gn 27:20), confirmando com um beijo (Gn 27.24,26). Busquemos a bênção de Deus pelo caminho certo e não por subterfúgios. Devemos ter o cuidado de não usar as mãos de outro, como meio de imitar alguém ou ganhar vantagem. Usemos aquilo que temos e sejamos o que somos. De quem são as tuas mãos? Os teus vestidos? Jacó, disfarçado, através das mãos, dos vestidos e do guisado, recebeu as bênçãos de Isaque, no lugar de seu irmão Esaú (Gn 27:24-29).

3.4. A rejeição de Esaú na hora da bênção (Gn 27:30-36)

Veio Esaú para receber a bênção, mas já era tarde demais, pois Isaque já havia abençoado a Jacó (Gn 27.33). Este atendera o seu pedido, satisfizera o seu apetite, e ele o colocou como senhor de Esaú (Gn 27:37). Agora o maior serviria ao menor (Gn 25:23). “Querendo depois herdar a bênção, foi rejeitado” (Hb 12:17). Muitos deixam a igreja, abandonam a fé, como fez Esaú que, depois de desprezar e vender sua primogenitura, foi rejeitado. Não deixemos para depois, acertemos com Deus agora, hoje (Hb 3:7,8)!

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